18 November 2007

Irão 5



De manhã faz frio. Levantar às 5, pequeno-almoço às 5:30 e autocarro às 6. O motorista tem um método de aquecer as mãos que é algo discutível. É um fogareiro a gás encaixado entre o travão de mão e a alavanca das mudanças. Eu ainda não preciso do meu casaco, mas já sou dos poucos.
“Opening meeting” – Cada missão destas começa com uma reunião de abertura onde são apresentadas as pessoas com interesse ou intervenientes nessa obra e termina com uma reunião de fecho (closing meeting) onde apresentamos o nosso relatório final e nos “autorizam” a ir embora. Na reunião de abertura de hoje estávamos 12 pessoas. Nós, 3 da KHI (2 Japoneses e 1 iraniano), o site manager, o responsável pela instrumentação, o responsável pela electricidade, 2 electricistas da KPIC que têm acompanhado esta obra e 2 representantes dos “local contractors” (mecânico e eléctrico). Apresentámos os nossos objectivos e referi alguns dos pontos pendentes que é preciso serem resolvidos (por eles) com mais urgência.
Ao fim da manhã, houve fuga de radioactividade. Radioactividade ? Irão ? Então a fabrica não era de fertilizantes ? Pois é, mas tem alguns, se calhar bastantes sensores que funcionam por radioactividade e parece que foi detectada uma fuga num deles. Grande alvoroço, zona vedada com fitas vermelhas de DANGER, uma festa.
À tarde estive na sala de comando a ver o que é que vai ser preciso para a supervisão das linhas de ensaque. São 7 linhas com cerca de 10 motores cada uma. E comecei o treino dos operadores. Hoje estavam lá 2 e eu lá lhes comecei a explicar a supervisão até que percebi que inglês não era o forte deles. Então como estava por lá uma cópia do manual, sugeri-lhes que lessem e se tivessem dúvidas perguntassem. Assim sempre eu podia fazer alguma coisa. Passado um bocado dei com eles a traduzir o manual palavra por palavra (com a ajuda do telemóvel), escrevinhando a caneta as suas traduções. Quando têm alguma dúvida perguntam ao electricista e raramente é preciso chegar até mim. Aqueles já estão entretidos para uma temporada, espero que não se cansem.
Ao fim do dia, pensei que era como da última vez (autocarro às 18horas) e portanto lá estávamos para apanhar o autocarro. Mas não estava lá mais nenhum supervisor, só trabalhadores locais. Os vários motoristas andaram um bocado a jogar para canto, nenhum passava pela nossa casa, até que lá decidiram qual o autocarro em que iríamos e apareceu um dos meus amigos que mudou de autocarro para nos acompanhar no percurso entre o local de paragem e a casa (que por sinal ele também não conhecia). Grande Barraca. Estávamos ao pé da rua, eu tinha uma foto no portátil com a placa da rua (AL 127) e outra foto com a fachada da casa e ninguém a conhecia. Resultado: andámos mais de meia hora perdidos.

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