O sistema de supervisão é composto por três PCs redundantes com
Citect (Uma Engineering Station e duas Work Stations) e cada uma deles tem três cartas de rede para comunicar de forma redundante com o Siemens S7-400H também redundante.
Na work station 2 estão os aprendizes de operador, e como o telemóvel não conseguia traduzir tudo, pediram-me para instalar lá o Babylon. É um software de tradução que permite clicar com o botão do meio do rato em qualquer palavra que esteja no ecrã, mesmo no Citect e aparece uma janela cheia de esgatafunhos, com o seu significado em persa.
Este software como qualquer outro por aqui foi adquirido pelo módico preço de 10000 rials (cerca de 1 euro). Vêm com caixa bonita a cores e dentro do CD já vem o crack ou serialz necessário para o bom funcionamento. Diz que este tem a desvantagem de quando se liga à internet deixar de funcionar. Consegue-se de tudo, Windows, Office, Autocad, Photoshop, e até Eplan e Step7, para não falar nos jogos. Ainda não se habituaram foi aos DVDs muitos programas são entregues em dois CDs (estes são mais caros) e até vi um jogo que era entregue em 6 CDs, mas por outro lado acabam de encher o CD com outros utilitários que lhes parecem interessantes, muitos em persa.
Mas o título deste post não tem só a ver com o software. É que o nome é também uma
antiga cidade persa que actualmente faz parte do Iraque e onde se situava uma das 7 maravilhas da antiguidade (Os jardins suspensos da Babilónia). Foi nessa cidade que aconteceu a história bíblica da torre de Babel que justifica a existência de várias línguas diferentes no mundo (para quem não se lembra, eu resumo: Os homens falavam todos a mesma língua e decidiram construir uma torre que chegava ao céu. Deus não gostou da sua arrogância e fez com que passassem a falar línguas diferentes e assim como não se entendiam, tiveram de desistir da construção e espalharam-se pelo mundo)
Aqui é parecido, mas não desistimos. Podem pensar que é por falarmos Português, Inglês, Alemão, Romeno, Japonês, Persa e Kurdo; mas isso é o menos.
O maior problema é que o projecto é Inglês, o construtor é Japonês, a engenharia básica da nossa parte é francesa e a engenharia detalhada é iraniana. Pode parecer que um esquema eléctrico é igualmente entendido em todo o lado. Mentira. O quadro do autómato principal foi feito pela
EST (Portugal), em termos de comunicações, temos de comunicar por profibus com os trippers e shuttle (projecto
Namvaran - Irão, execução IEMM - Irão, entretanto falida); reclaimers (projecto CPT - França, execução Sorel - França); linhas de ensaque (
H&B – Alemanha) e o MCC (projecto
Farineh – Irão e execução
KAVIR - Irão). Depois existem sinais de interface com o sistema de ar respirável, sistema de despoeiramento, linha de abastecimento de sacos vazios, granulação, imanes, screening, feeders, etc. Cada um do seu fabricante. Todos os esquemas foram aprovados pela
CPT (França) e pela
KHI (Japão), mas infelizmente a aprovação não basta para estarem correctos.
Depois quando é preciso fazer uma alteração eléctrica é o cabo dos trabalhos. Eu sugiro, os franceses comentam, vai aos japoneses, mais um meeting, às vezes consulta-se o cliente, passado uma semana (com sorte) lá temos uma decisão. Então é preciso pedir comentários ao fabricante, comentários outra vez aos franceses. Às vezes é preciso cá vir o fabricante para fazer a alteração outras vezes é feita pelo cliente.
Esta obra vai demorar… É a verdadeira Babilónia.